Review/Resenha: Witchcraft Destroys Minds And Reaps Souls - Coven
Inicio minha colaboração neste blog falando de uma banda que, do ponto de vista sonoro, em nada se assemelha ao heavy metal ou ao hard rock. Trata-se do Coven, natural de Chicago e formado ainda no final dos anos 60, ou seja, antes que o Black Sabbath desferisse o golpe responsável pela criação e proliferação do metal e suas subdivisões. Naturalmente, Witchcraft Destroys Minds And Reaps Souls também está longe de ser um disco que corresponda a quaisquer vertentes mais extremas do rock and roll, mas não se relaciona em termos diretos com as tendências daquela época nos Estados Unidos.
Em 1969, grupos como Jefferson Airplane e Love consolidavam sua influência no cenário musical e propagavam as idéias lisérgicas de “paz e amor”. Quem se propunha uma abordagem distinta dos anseios da juventude acabou por sucumbir ao ostracismo ou seguiu uma carreira afastada da mídia, a exemplo do Velvet Underground, cuja importância só foi reconhecida décadas após sua dissolução, e do próprio Coven, que debutou no ano do Woodstock com este álbum que vos apresento.
Witchcraft Destroys Minds And Reaps Souls destoa das produções fonográficas sessentistas não pela sonoridade, um rock tradicional com pitadas psicodélicas e pop. Não há também virtuosismos. A vocalista Jinx Dawson, apesar de interpretar com bastante propriedade e lembrar Grace Slick, não chega ao nível de uma Janis Joplin ou Sandy Denny. O mesmo se avalia quanto à parte instrumental, desprovida de maiores recursos técnicos. Mas basta um olhar pouco atento à arte da capa para perceber que estamos diante de um disco atípico e, até certo ponto, revolucionário. As estranhezas aumentam quando descobrimos que o baixista chama-se Oz Osbourne e a primeira faixa do álbum intitula-se... Black Sabbath.
Composto por jovens profundamente interessados em satanismo e ocultismo, Aleister Crowley e Anton La Vey, o Coven apresenta canções caracterizadas pelo macabro e atinge patamares até então jamais alcançados no que concerne à exploração de temáticas vinculadas à magia negra. As letras de Jim Donlinger (ao lado de Dawson, encarregado dos trabalhos vocais) abordam histórias, práticas e rituais funestos de modo tão explícito como nunca se vira a partir dos mistérios da encruzilhada de Mr. Robert Johnson, passando pelas polêmicas mais recentes dos Rolling Stones.
A faixa de abertura já revela um quê de sinistro e até poderia funcionar como uma espécie de cartão de visitas em virtude do título no mínimo notório. No entanto, o ápice aterrador das invocações satânicas começa com Coven in Charing Cross, que narra um ritual de adeptos da bruxaria em que se oferece o sangue de uma criança a fim de chamar os demônios:
“Thirteen cultists held a secret meeting, bringing powers of the darkness upon those who opposed them. The cheif of the circle, known as Malchius drank the blood of a young baby offered unto him. They danced ecstatically, The orgied frantically. The demon had arisen from the circle on the floor. The chanting was much louder and more piercing than before.”
Caso não se saiba, Coven é o nome atribuído a um grupo de bruxos que pode ter no mínimo dois componentes e no máximo treze.
Mais adiante, Pact With Lucifer conta as desventuras de um fazendeiro que faz um pacto com o diabo para prosperar, porém depois de sete anos está fadado a acertar as contas com o próprio:
“The farmer prospered, did do well. Good fortune was his story to tell. Still he pursued the path he feared. The time was short, the dark day neared. The seven years had passed away, Now it was the judgement day. In memory of the words he said, Lucifer appear in a flash of red. "It's the day I said I'd come for you, And now it's time to pay your due. I'm here to claim the soul I've won To seal the bargain and take your son!”
O disco fecha com Satanic Mass, que, não sendo necessariamente uma música, mais parece um conjunto de preces e oferendas a Satã de duração superior aos 13 minutos. Não há como descrever o impacto de ouvir esta faixa estando ciente de que sua gravação ocorreu ainda na década de 60, e fica óbvio, a essa altura, que aqui reside a relevância, influência ou mesmo correlação entre o Coven e o heavy metal em si e suas vertentes.
E para quem deseja conhecer de fato os primórdios do metal, fica o aviso de que se limitem a procurar apenas este trabalho do Coven, pois os dois seguintes já são uma outra história...
Tracklist:
1. Black Sabbath
Inicio minha colaboração neste blog falando de uma banda que, do ponto de vista sonoro, em nada se assemelha ao heavy metal ou ao hard rock. Trata-se do Coven, natural de Chicago e formado ainda no final dos anos 60, ou seja, antes que o Black Sabbath desferisse o golpe responsável pela criação e proliferação do metal e suas subdivisões. Naturalmente, Witchcraft Destroys Minds And Reaps Souls também está longe de ser um disco que corresponda a quaisquer vertentes mais extremas do rock and roll, mas não se relaciona em termos diretos com as tendências daquela época nos Estados Unidos.
Em 1969, grupos como Jefferson Airplane e Love consolidavam sua influência no cenário musical e propagavam as idéias lisérgicas de “paz e amor”. Quem se propunha uma abordagem distinta dos anseios da juventude acabou por sucumbir ao ostracismo ou seguiu uma carreira afastada da mídia, a exemplo do Velvet Underground, cuja importância só foi reconhecida décadas após sua dissolução, e do próprio Coven, que debutou no ano do Woodstock com este álbum que vos apresento.
Witchcraft Destroys Minds And Reaps Souls destoa das produções fonográficas sessentistas não pela sonoridade, um rock tradicional com pitadas psicodélicas e pop. Não há também virtuosismos. A vocalista Jinx Dawson, apesar de interpretar com bastante propriedade e lembrar Grace Slick, não chega ao nível de uma Janis Joplin ou Sandy Denny. O mesmo se avalia quanto à parte instrumental, desprovida de maiores recursos técnicos. Mas basta um olhar pouco atento à arte da capa para perceber que estamos diante de um disco atípico e, até certo ponto, revolucionário. As estranhezas aumentam quando descobrimos que o baixista chama-se Oz Osbourne e a primeira faixa do álbum intitula-se... Black Sabbath.
Composto por jovens profundamente interessados em satanismo e ocultismo, Aleister Crowley e Anton La Vey, o Coven apresenta canções caracterizadas pelo macabro e atinge patamares até então jamais alcançados no que concerne à exploração de temáticas vinculadas à magia negra. As letras de Jim Donlinger (ao lado de Dawson, encarregado dos trabalhos vocais) abordam histórias, práticas e rituais funestos de modo tão explícito como nunca se vira a partir dos mistérios da encruzilhada de Mr. Robert Johnson, passando pelas polêmicas mais recentes dos Rolling Stones.
A faixa de abertura já revela um quê de sinistro e até poderia funcionar como uma espécie de cartão de visitas em virtude do título no mínimo notório. No entanto, o ápice aterrador das invocações satânicas começa com Coven in Charing Cross, que narra um ritual de adeptos da bruxaria em que se oferece o sangue de uma criança a fim de chamar os demônios:
“Thirteen cultists held a secret meeting, bringing powers of the darkness upon those who opposed them. The cheif of the circle, known as Malchius drank the blood of a young baby offered unto him. They danced ecstatically, The orgied frantically. The demon had arisen from the circle on the floor. The chanting was much louder and more piercing than before.”
Caso não se saiba, Coven é o nome atribuído a um grupo de bruxos que pode ter no mínimo dois componentes e no máximo treze.
Mais adiante, Pact With Lucifer conta as desventuras de um fazendeiro que faz um pacto com o diabo para prosperar, porém depois de sete anos está fadado a acertar as contas com o próprio:
“The farmer prospered, did do well. Good fortune was his story to tell. Still he pursued the path he feared. The time was short, the dark day neared. The seven years had passed away, Now it was the judgement day. In memory of the words he said, Lucifer appear in a flash of red. "It's the day I said I'd come for you, And now it's time to pay your due. I'm here to claim the soul I've won To seal the bargain and take your son!”
O disco fecha com Satanic Mass, que, não sendo necessariamente uma música, mais parece um conjunto de preces e oferendas a Satã de duração superior aos 13 minutos. Não há como descrever o impacto de ouvir esta faixa estando ciente de que sua gravação ocorreu ainda na década de 60, e fica óbvio, a essa altura, que aqui reside a relevância, influência ou mesmo correlação entre o Coven e o heavy metal em si e suas vertentes.
E para quem deseja conhecer de fato os primórdios do metal, fica o aviso de que se limitem a procurar apenas este trabalho do Coven, pois os dois seguintes já são uma outra história...
Tracklist:
1. Black Sabbath
10. Satanic Mass
Banda:
Jim Donlinger - Vocals Jinx Dawson - Vocals Mike "Oz" Osbourne - Bass guitar Steve Ross - Drums Alan Estes - Bass John Hobbs - Keyboards Christopher Nielsen - Guitar, vocals Frank Smith - Keyboards Jim Nyeholt - Keyboards
Banda:
Jim Donlinger - Vocals Jinx Dawson - Vocals Mike "Oz" Osbourne - Bass guitar Steve Ross - Drums Alan Estes - Bass John Hobbs - Keyboards Christopher Nielsen - Guitar, vocals Frank Smith - Keyboards Jim Nyeholt - Keyboards
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